Em um mundo globalizado pela inovação tecnológica, a utilização de normas comuns é de vital importância para o estabelecimento e a manutenção dos sistemas econômicos. O uso de padrões permite que governos, empresas e indivíduos possam garantir quesitos mínimos de segurança, desempenho e interoperabilidade, fundamentais para viabilizar as trocas comerciais em qualquer esfera. Entre as organizações internacionais de padronização, a ISO, Organização Internacional para Padronização (em inglês: International Organization for Standardization) é, provavelmente, a mais conhecida e abrangente. Fundada no ano de 1947, em Genebra, Suíça, a ISO está presente, hoje, em 170 países. Sua atribuição engloba o estabelecimento de normas internacionais para as mais diversas áreas técnicas, definindo desde normas de procedimento até códigos de classificações. Entre as padronizações mais conhecidas está a série de normas ISO 9000 que, desde 1987, vem sendo melhorada e atualizada. A dinâmica das relações econômicas e sociais, combinada com a evolução tecnológica, impõe, no entanto, não apenas a melhoria e a atualização das normas, mas também a criação de novas normas específicas para a gerenciamento de determinados tipos de atividades ou conhecimentos. Assim, em setembro de 1996, foi aprovada a norma ISO 14000/14001, que define os requisitos básicos para o sistema adequado de gestão ambiental. A constituição deste padrão, por exemplo, nasceu da identificação clara de que, cada vez mais, os aspectos ligados à correta gestão dos recursos ambientais e à diminuição da poluição assumiriam importância no desenvolvimento das atividades econômicas. Em um exemplo ainda mais recente, a relevância da ISO é destacada também pela sua aplicação na prevenção de catástrofes naturais (ISO 31000, Risk management - Principles and guidance) como os recentes terremotos na região costeira do Japão.
No Brasil, o trabalho de padronização e normatização vem sendo feito desde 1940 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), entidade privada de utilidade pública sem fins lucrativos. A ABNT é membro fundador da International Organization for Standardization (ISO), da Comissão Panamericana de Normas Técnicas (COPANT) e da Associação Mercosul de Normalização (AMN). De forma muito ilustrativa, o Superintendente da ABNT/CB-24, José Carlos Tomina, abordou a importância prática das atividades da ABNT no dia a dia dos brasileiros:
“As diversas áreas da atividade humana são permeadas por mais de
11.000 normas internacionais que, de algum modo, colaboram para o seu
bom desenvolvimento, estabelecendo especificações técnicas para os
setores industriais, orientação aos consumidores, padrões para os
serviços prestados, características aos produtos comercializados,
ou seja, contribuindo para a melhor qualidade dos bens e para a
segurança de nossas vidas e do meio ambiente.
Desde o momento que acordamos, durante o dia todo e mesmo quando
dormimos, as normas estão agindo em nossas vidas, seja no lar, no
trabalho, na rua, no lazer, etc. Vejamos alguns poucos e simples
exemplos, apresentados na Revista da ABNT em 7 de dezembro de 1998,
que elucidam com muita propriedade a nossa interação e dependência
em relação às normas:
a) logo de manhã, as escovas de dentes que usamos possuem cerdas
padronizadas;
b) quando acendemos a luz, fazemos uso de lâmpadas e demais
componentes elétricos normalizados;
c) no lar, o fogão, a geladeira e outros utensílios domésticos
estão normalizados;
d) no carro, muitos dos equipamentos e acessórios são normalizados,
como: pneus, luzes, airbags, rack para bagagem, pára-choque
(inclusive a sua altura);
e) no escritório, um grande número de normas especificam as
características que padronizam os computadores, as fotocopiadoras,
as impressoras, os formatos de papéis, os equipamentos de
comunicação, etc. Tudo para facilitar e tornar os equipamentos e
produtos interoperáveis, ou seja, pode-se utilizar desde parafusos e
porcas compatíveis até computadores que falam a mesma língua no
mundo inteiro, incluindo-se aqui a própria Internet;
f) caso precisarmos de dinheiro ou pagar alguma compra, poderemos
utilizar cartões de banco ou de crédito padronizados. Inclusive as
embalagens das compras, alimentos e bebidas estão normalizadas. Para
o próprio comerciante o uso do código de barras facilita
sobremaneira o desenvolvimento dos seus negócios;
g) de volta ao lar, os brinquedos das crianças (inclusive as
dimensões de suas pilhas) os aparelhos de TV, som e vídeo dispõem
de qualidade e compatibilidade normalizadas;
h) nos finais de semana, fazemos uso de equipamentos esportivos desde
bicicletas, caiaques, raquetes de tênis, bolas, câmeras
fotográficas (dimensões de filmes e velocidades) padronizados.
Estes são alguns exemplos que demonstram que é difícil imaginar o
nosso dia a dia sem normalização ou sem padrões, especialmente no
mundo atual onde queremos tudo rápido, que as comunicações sejam
eficientes, compatibilidade e interoperabilidade dos equipamentos e
dispositivos.
Não nos esqueçamos, obviamente queremos tudo com qualidade,
segurança, praticidade, mais barato e que seja ambientalmente
correto.”
O complexo trabalho de normatização desenvolvido por essas organizações envolve, então, aspectos nos quais os padrões devem ser baseados: Comunicação: proporcionar os meios necessários para a troca adequada de informações entre clientes e fornecedores; Simplificação: reduzir as variedades de produtos e de procedimentos, de modo a simplificar o relacionamento entre produtor e consumidor; Proteção ao consumidor: definir os requisitos que permitam aferir a qualidade dos produtos e serviços; Segurança: estabelecer requisitos técnicos destinados a assegurar a proteção da vida humana, da saúde e do meio ambiente; Economia: diminuir o custo de produtos e de serviços mediante sistematização, racionalização e ordenação dos processos e das atividades produtivas; Eliminação de barreiras: evitar a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, de forma a facilitar o comércio. Dentro desse contexto, é natural que a
padronização também tenha chegado até os formatos eletrônicos de
armazenamento de dados a fim de estabelecer um meio comum para a
criação, a edição e o armazenamento de conteúdos . Essa
padronização foi viabilizada pelo formato OpenDocument! |
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